Intestino Humano – Delgado, Duodeno e Grosso


O intestino delgado, quinta porção do tubo digestivo, começa na válvula pilórica, que o comunica com o estômago, e termina na válvula íleocecal, por onde desemboca no intestino grosso. Seu comprimento é de 6 a 8 metros; seu diâmetro, de cerca de 3 centímetros.

O homem ocupa, neste particular, situação intermediária entre os herbívoros, ou animais de intestino longo, e os carnívoros, animais de intestino curto. No gato, o intestino é três vezes o comprimento do corpo do animal; no cão, quatro a seis vezes; no homem, sete a oito vezes; no porco, quatorze vezes; no carneiro, vinte e sete vezes. Nos herbívoros, em cuja alimentação preponderam células envoltas em celulose, faz-se mister a demora destas no canal alimentar, para que sofram a ação fermentativa das bactérias, que destrói a membrana celulósica.

Dividiam os antigos autores o intestino delgado em três partes: duodeno (por ter cerca de doze dedos de comprimento), jejuno (porque encontrado geralmente vazio), e íleo.

Atualmente a anatomia considera, para o intestino delgado, apenas duas partes: uma porção fixa, que é o duodeno e uma porção flutuante, o jejuno-íleo. Há, em cada uma, certas particularidades que serão daqui a pouco mencionadas. Por enquanto, vejamos o que é comum às duas.

intestino delgado



Estrutura da Parede Intestinal

Compõe-se a parede intestinal de quatro túnicas, assim designadas, de fora para dentro: serosa, muscular, celulosa e mucosa. É, como se vê, a mesma estrutura do estômago, do qual, aliás, o intestino constitui a continuação.

1) A túnica SEROSA representa uma dependência do peritôneo, membrana que, como já dissemos, envolve as vísceras abdominais e pélvicas.

2) A túnica MUSCULAR é formada de duas ordens de fibras lisas: as externas, longitudinais; as internas, circulares.





3) A túnica CELULOSA, de natureza conjuntiva, interpõe-se entre a túnica muscular e a mucosa.

4) Finalmente, a túnica MUCOSA tem a constituição geral das mucosas: uma camada profunda, de natureza conjuntiva, constitui a derme; uma camada superficial, atapetando a superfície interna do intestino, forma o epitélio, que é simples e cilíndrico.

 

Mucosa Intestinal

Na mucosa intestinal, há certos elementos de grande importância: as válvulas coniventes, as vilosidades e os orifícios glandulares.



As VÁLVULAS CONIVENTES são dobras transversais da mucosa, salientes na cavidade intestinal. Algumas chegam a descrever um anel completo; a maioria• acompanha apenas parte da- circunferência do intestino. Há cerca de 900 dessas válvulas em todo o intestino delgado. A sua presença torna Mais extensa a superfície intestinal, pois, se conseguíssemos esticar a mucosa, ela atingiria perto de 14 metros de comprimento em vez de 6 a 8, que é o comprimento do intestino.

As VILOSIDADES são pequenas saliências lineares ou cônicas, tão numerosas e tão próximas umas das outras, que dão à mucosa um aspecto aveludado. O corte da vilosidade mostra o seguinte: a) um epitélio, o próprio epitélio intestinal; b) no centro, um tubo, o vaso quilifero, que se inicia na extremidade livre da vilosidade e vai desembocar no sistema linfático; c) uma artéria, ramificada em capilares arteriais; d) capilares venosos, continuação dos capilares ‘arteriais, que, reunindo-se, formam uma veia. As vilosidades, como se verá, são órgãos absorventes dos alimentos já digeridos, que elas retiram do intestino e transmitem ao sangue.

Finalmente, os ORIFÍCIOS GLANDULARES pertencem a numerosas glândulas espalhadas na espessura das paredes do intestino. Estas glândulas, que fabricam o suco intestinal, pertencem a dois tipos diferentes, pelo que umas, encontradas em todo o intestino delgado, se chamam glândulas de Lieberkuhn, e outras, só do duodeno, se chamam glândulas de Brunner.

 

Duodeno

O duodeno, primeira parte do intestino delgado, distingue-se do jejuno-íleo por ser fixo. Seu comprimento é de cerca de 24 centímetros e sua forma é a de um C, em cuja concavidade se encaixa a cabeça do pâncreas. A estrutura do duodeno é a mesma já descrita para o intestino delgado em geral, havendo, igualmente, na sua mucosa, válvulas coniventes, vilosidades e orifícios glandulares, entre os quais os das glândulas de Brunner, que só no duodeno existem.

Mas há elementos peculiares ao duodeno, que vamos mencionar: a empola de Vater e as carúnculas. A empola de Vater é uma cavidade em plena parede duodenal, onde desembocam dois canais: o colédoco, que vem do fígado, e o canal de Wirsung, proveniente do pâncreas. Na mucosa duodenal a empola de Vater se revela por uma saliência chamada carúncula maior. Um pouco acima desta, vê-se outra saliência, muito menor, a carúncula menor, correspondente ao orifício terminal do canal acessório do pâncreas.

 

Intestino grosso

intestino-grosso

O intestino grosso, sexta e última porção do tubo digestivo, começa na válvula íleo-cecal, e termina no esfíncter anal. Tem de comprimento cerca de um metro e meio; de diâmetro, 7 centímetros. Está dividido em três partes: o ceco, o colo e o reto. O CECO, porção inicial do intestino grosso, está abaixo da válvula íleo-cecal.

Como anexo, apresenta o apêndice cecal, porção rudimentar do intestino. O COLO, a parte mais grossa do intestino grosso, compreende: uma porção ascendente, que vai do ceco à proximidade do fígado; uma porção transversa, da vizinhança do fígado ao baço; uma porção descendente, que vem até a fossa ilíaca esquerda; uma porção oblíqua, que termina no reto, e é chamada colo sigmóide.



A superfície do colo mostra, exteriormente, numerosas saliências ou bases arredondadas, correspondentes, no interior, a depressões ou empolas.

A última porção do intestino grosso é assim chamado pela sua direção mais ou menos retilínea. A estrutura do intestino grosso é igual à do intestino delgado: quatro túnicas se sucedem, de fora para dentro, a serosa, a musculosa, a celulosa, e a mucosa.

A mucosa não tem nem vilosidades, nem válvulas coniventes. Apresenta pequenos orifícios, pertencentes a glândulas produtoras de muco. O intestino grosso desempenha, no fenômeno digestivo, um papel até certo ponto secundário, cabendo-lhe expulsar os resíduos inaproveitados da alimentação, de mistura com alguma substância de excreção.