O pâncreas é glândula anexa ao duodeno. Volumoso e alongado, está ele profundamente situado na cavidade abdominal, atrás do estômago, tendo à esquerda o baço, à direita a concavidade duodenal. Sua posição é mais ou menos horizontal; seu peso regula 70 gramas. Ao abrir-se um cadáver, quase nunca se pode observar bem o pâncreas, porque ele a si próprio se digere logo após a morte.
É de costume considerar na glândula pancreática três partes: a extremidade direita, ou cabeça, encaixada na curva duodenal; o corpo; e a cauda, ou extremidade esquerda, mais ou menos afilada, vizinha do baço.
Estrutura do Pâncreas
O pâncreas, como glândula que é, consta essencialmente de células epiteliais. Podemos dividir as células pancreáticas em dois grupos: as que formam ácinos pancreáticos, e as ilhotas de Langerhans.
1) Os ÁCINOS são grupos de células destinadas a fabricar o suco pancreático. Cada ácino tem um canal excretar; os canais excretares dos diferentes ácinos, reunindo-se entre si, formam tubos cada vez mais calibrosos, que terminam desembocando em dois condutos: o canal de Wirsung, que percorre o pâncreas em todo o comprimento, e desemboca na empola de Vater no duodeno, 8 a 10 centímetros após o piloro, juntamente com o colédoco, do fígado; e o canal acessório, muito menor, indo do próprio canal de Wirsung ao duodeno, no ponto correspondente à carúncula maior.
Ao canal de Wirsung cabe a missão de verter no intestino o suco pancreático. O canal acessório, como o nome indica, só excepcionalmente desempenha essa função.
2) As ILHOTAS DE LANGERHANS são corpúsculos arredondados ou ()vaiares, disseminados sem ordem entre os ácinos. Representam tecido glandular, e, de fato, fabricam uma substância de grande importância, a insulina. Mas, não possuindo canais excretores, as ilhotas de Langerhans são forçadas a despejar o seu produto diretamente no sangue.
O pâncreas, como se vê, é ao mesmo tempo glândula de secreção externa ou exócrina, pelos seus ácinos, e glândula de secreção interna ou endócrina, pelas ilhotas de Langerhans.
Anatomia e Estrutura do Pâncreas
Visto de frente, o pâncreas lembra uma grossa espiga de milho, com sua superfície lobulada. Disposto horizontalmente por trás do estômago, estende-se do duodeno até o baço, ao qual se liga por uma dobra de tecido eritoneal. Mede cerca de l0 a 15 centímetros e pesa, no adulto, 60 gramas, em média.
A parte mais volumosa do pâncreas – extremidade próxima ao estômago – é chamada cabeça; a outra extremidade, cauda; a porção intermediária, corpo. O pâncreas tem cor amarelada e levemente rosada. A cápsula que o envolve é tão fina que mal se faz notar nos exames anatômicos do órgão.
Também os lobos e suas subdivisões – os lóbulos – são separados por septos muito delgados, que contribuem muito pouco para a sustentação interna. A leveza do órgão dispensa reforço.
Embora as duas funções do pâncreas sejam bem definidas, a divisão de trabalho de suas diferentes células não obedece a qualquer esquema topográfico rígido. As células que secretam insulina estão dispostas de maneira irregular, em grumos, na massa de tecidos de onde provém o suco pancreático.
Esses grumos cercados de massa de tecidos por todos os lados foram apropriadamente batizados de ilhotas por seu descobridor. Daí o nome que conservam até hoje: ilhotas de Langerhans.
Envolvidas em novelos de vasos capilares, as ilhotas de Langerhans despejam diretamente no sangue o produto de sua secreção, que passa pelas paredes permeáveis dos vasos.
Suco pancreático e o canal de Wirsung
O suco pancreático é produzido por outro tipo de células, que se agrupam em câmaras de vários tamanhos no interior do órgão. Essas câmaras ligam-se ao exterior por um sistema de canais.
O principal desses canais é o de Wirsung. reforçado externamente por paredes de tecido conjuntivo. Em geral, o pâncreas apresenta também um dueto acessório – o chamado canal de Santorini -, que complementa a função drenadora do canal de Wirsung. Esses dois canais vão desaguar no mesmo local em que desemboca a bile. Dali, as duas secreções (suco pancreático e bile) passam para o duodeno.
Do canal de Wirsung, dentro do pâncreas, saem ramos laterais mais delgados, que se dispõem como uma espinha de peixe. E, desses ramos, partem canais ainda mais finos, chamados canais interlobulares, porque passam entre os lóbulos.
Por sua vez, os canais interlobulares ramificam-se em duetos ainda mais estreitos, os canais intercalados. Estes, finalmente, acabam formando câmaras microscópicas – os ácinos pancreáticos -, revestidas internamente pelas células secretoras do suco pancreático.
A secreção do suco pancreático obedece a um mecanismo muito parecido com o da bile.
Quando a massa de alimentos já parcialmente transformada (quimo) chega ao duodeno, certas células do intestino começam a secretar hormônios. As substâncias gordurosas provocam a secreção de colescistoquinina, hormônio que passa para a corrente sanguínea e, ao chegar ao fígado, estimula a secreção de bile.
Processo semelhante ocorre com relação ao pâncreas. Substâncias ácidas provocam no duodeno (e também no jejuno) a secreção de um hormônio chamado secretina, que também vai estimular a produção de suco pancreático, quando chegar aos ácinos do pâncreas através da corrente sanguínea.
Quando o suco pancreático exerce sua atividade alcalina no duodeno, a ação dos ácidos é neutralizada. Diminui, então, a secreção de secretina e desaparecem os estímulos de produção do suco pancreático.
Quando uma substância como a caseína (proteína encontrada especialmente no leite e que constitui o principal componente do queijo) chega ao duodeno, começa a ocorrer no intestino a secreção de pancreozimina, também estimulante do suco pancreático. Isso porque a caseína não é solúvel em água, mas sim em meio alcalino, como o que é proporcionado pelo suco pancreático.
Os ácinos pancreáticos obedecem, ainda, a estímulos nervosos, originados de ramificações do nervo vago.
Saiba mais sobre os fermentos do suco pancreático: Amilase, Lipase e Tripsina
imagem: bewellinstitute
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