Na base de cada hemisfério cerebral existem importantes aglomerados de células nervosas, os chamados núcleos de base. São centros especiais que se encarregam de estabelecer intercomunicações e ligar as diversas áreas cerebrais entre si. Embora já se possua algum conhecimento a respeito dessas formações, e algumas de suas funções já tenham sido identificadas, ainda há muito a ser estudado e desvendado.
Um dos poucos elementos disponíveis para estudar esses setores constitui a análise das alterações determinadas no indivíduo por lesões aí localizadas. Assim, por exemplo, os quadros clínicos da icterícia do recém-nascido fornecem indicações a respeito das funções do chamado globo pálido. Sabe-se que uma lesão nessa estrutura em geral produz dificuldade de coordenação de movimentos involuntários; com base nesse conhecimento pode-se concluir que o globo pálido desempenha importante papel nesse controle.
O TÁLAMO
O tálamo é um dos mais importantes centros de integração de impulsos nervosos. Saiba mais sobre o TÁLAMO
OUTROS NÚCLEOS DO CÉREBRO
Além do tálamo, que é uma parte do diencéfalo, os outros núcleos cinzentos que se distribuem no interior dos hemisférios são formações cerebrais propriamente ditas. Entre estas estão o núcleo caudado, o núcleo lentiforme, o claustrum e o corpo amigdalóide.
O núcleo caudado assemelha-se realmente a uma cauda que se dobra na porção final, quase formando uma argola achatada. Pode ser observado em cada hemisfério, estendendo-se da frente (cabeça) para trás (cauda). A forma típica faz com que determinados cortes, em sentido vertical ou horizontal, mostrem dois diferentes trechos do núcleo caudado
Mais semelhante a uma cunha do que a uma lente biconvexa, o núcleo lentiforme mergulha profundamente nos hemisférios cerebrais. Localiza-se aproximadamente na região da superfície do córtex por onde passa o sulco lateral de Sylvius. Abaixo desse sulco, situa-se a insula, que constitui o quinto lobo cerebral. Mais profundamente, abaixo desta última, está o núcleo lentiforme. Uma camada de substância branca separa esse núcleo da ínsula, e o claustruni ajuda a estabelecer a delimitação. Além disso, uma larga faixa de fibras nervosas – a cápsula interna – separa o núcleo lentiforme do tálamo e da cabeça do núcleo caudado.
Sobre o claustrum – outra das estruturas do interior dos hemisférios cerebrais – pouco ou nada se sabe. Já o chamado corpo amigdalóide parece estar relacionado a um dos tipos de epilepsia, alteração neurológica que comumente provoca a manifestação de-ataques convulsivos.
A porção interna do núcleo lentiforme constitui o globo pálido; a parte externa é o putâmen. Esse conjunto, juntamente com o núcleo caudado, forma o corpo estriado, de grande importância como centro de controle das vias motoras que comandam os movimentos automáticos, isto é, involuntários. No adulto, um distúrbio que afete o globo pálido pode originar a chamada síndrome de Parkinson doença caracterizada por tremor (persistente mesmo durante o repouso), lentidão de movimentos e dificuldade de coordenação dos gestos automáticos.
A SUBSTÂNCIA BRANCA E AS FIBRAS
A massa de substância branca que ocupa grande parte do interior do cérebro – o chamado centro branco medular – também tem um papel importante. Constitui-se de aglomerados de fibras nervosas revestidas, na maior parte, pelo invólucro protetor de mielina. As fibras têm disposição e funções diferentes, sendo, por isso mesmo, classificadas em fibras de projeção, comissurais e de associação.
As fibras de projeção são as que se encarregam de ligar o córtex cerebral a inúmeras outras estruturas do sistema nervoso central. Enquanto umas partem, levando os impulsos do córtex para diferentes destinos, outras chegam até aí, trazendo mensagens dos vários setores do organismo. Por exemplo, uma sensação de dor que é captada ao nível do tálamo é transmitida daí para o centro cortical da sensibilidade geral, e só então a maioria dos estímulos dolorosos se torna consciente. Por outro lado, existem as vias nervosas encarregadas de levar respostas.
Originam-se em diversos pontos do córtex e destinam-se a núcleos existentes na ponte, no bulbo ou na medula espinhal, a partir de onde as respostas são retransmitidas ao destino final.
Todas essas fibras de projeção, que levam e trazem impulsos do córtex cerebral, passam por um verdadeiro corredor, denominado cápsula interna. O tálamo, o núcleo caudado e o núcleo lentiforme delimitam o contorno desse corredor. Este, observado num corte horizontal do cérebro, tem a forma de um “V” muito aberto.
O ângulo do “V” constitui o chamado joelho da cápsula Interna, a partir de onde se dirigem para a frente e para trás os braços anterior e posterior da cápsula interna.
Outro grupo importante de fibras nervosas que constituem a substância branca são as fibras comissurais, que estabelecem a conexão entre as áreas simétricas dos dois hemisférios do cérebro, como pontes especiais. Cada hemisfério é praticamente igual ao outro e, em ambos, a maioria das estruturas são equivalentes. No fundo da fissura longitudinal do cérebro, encontra-se um grande feixe dessas fibras ricamente mielinizadas. É a estrutura denominada corpo caloso. Através desse feixe, os impulsos nervosos são transmitidos de um hemisfério ao outro.
Outros grupos de fibras comissurais formam a comissura anterior e a posterior do cérebro. Acima do corpo caloso situa-se a grande massa central de substância branca do cérebro, cujo conjunto é denominado centro ova!, em virtude de sua forma ovoide.
Por fim, existem as fibras de associação, que cumprem a importante tarefa de interligar as diferentes áreas do córtex, dentro de cada hemisfério. Algumas – curtas – conduzem as informações a serem transmitidas entre giros vizinhos ou próximos. Outras – mais longas – formam volumosos feixes que atravessam o centro branco e interligam áreas corticais distantes entre si, como, por exemplo, a região frontal e a occipital de um hemisfério.
É principalmente através dessa intrincada rede de fibras de projeção, comissurais e de associação que o homem tem alta capacidade de aprendizagem e raciocínio. Elas integram numerosos circuitos que permitem ao sistema nervoso funcionar como um todo perfeitamente unificado.
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