Laringe – Sistema Respiratório | Anatomia Humana


Em sua parte posterior, a boca continua por uma câmara tubular flexível a faringe. Por da passam indiscriminadamente sólidos, líquidos e gases. Pouco mais abaixo, entretanto, existe um desvio e a faringe se bifurca em dois tubos diferentes. Os líquidos e os sólidos devem encaminhar-se apenas para o esôfago, tubo que conduz ao estômago. Os gases, especialmente o ar, devem encaminhar-se para a laringe, tubo que conduz à traqueia.

E a traqueia, por sua vez, é a via de acesso aos brônquios, que penetram nos pulmões. Se, por alguma anormalidade, o ar penetra no esôfago, provoca uma alteração chamada aerofagia (deglutição de ar), que acaba inflando o estômago e provocando distúrbios no processo digestivo.

Por outro lado, se líquidos ou sólidos penetram na laringe, o organismo reage. Os músculos da laringe contraem-se imediatamente em espasmo e nos movimentos típicos da tosse.

O elemento que evita esses desvios é a epiglote, válvula cartilaginosa que fecha a laringe, numa passagem estreita, denominada glote, onde se localizam as cordas vocais. Situada junto à raiz da língua, a epiglote é empurrada para trás pelo bolo alimentar que vai ser deglutido. Ao dobrar-se, obstrui a entrada da laringe e deixa passar por cima dela os alimentos.

laringe - sistema respiratório



No entanto, não é só pela ação da epiglote que os alimentos deixam de penetrar na laringe. Os músculos laríngeos também participam desse processo de proteção do organismo. Ao se contraírem, elevam a laringe e a epiglote. Esse movimento pode ser claramente percebido quando um homem bebe água. A cada gole, o pomo-de-adão se eleva sincronizadamente, o que revela o movimento de obstrução. Dessa maneira, ao mesmo tempo em que suspende a respiração, o fechamento da laringe impede a penetração de alimentos nas vias respiratórias inferiores.

A contração dos músculos da laringe é muito eficiente na suspensão do mecanismo respiratório. A autópsia de pessoas que morreram afogadas revelou, muitas vezes, que a verdadeira causa da morte não foi a obstrução das vias aéreas pela água, encontrada nos pulmões apenas em pequena quantidade. A sufocação principal teria sido, portanto, um resultado do estreitamento automático da laringe, para impedir a entrada da água, e não a inundação das vias aéreas.

A Fonação

A laringe desempenha uma segunda função importante no organismo: é o principal órgão da fonação. A língua, os dentes e os lábios também têm sua participação, introduzindo modificações nos sons provenientes da laringe. Em conjunto, o aparelho fonador depende do aparelho respiratório, que expele o ar, cuja passagem pela laringe faz vibrar as cordas vocais, produzindo ondas sonoras. As cordas vocais obstruem parcialmente a laringe no trecho acinturado do meio. Não são cordas, portanto, mas dois bicos musculosos e vibráteis.





 

Cartilagens e Músculos da Laringe

Por dentro, a laringe tem conformação de ampulheta, mas com cintura dupla, uma vez que na parte mais estreita existem cavidades irregulares, conhecidas corno ventrículo de Morgagni e sáculo laríngeo.
Vista por fora, parece um funil, formado pelo encaixe de complexas cartilagens, cuja peça mais importante é a cartilagem tireáidea, que compõe a parede anterior da laringe. Nos homens, essa cartilagem apresenta uma projeção pontuda, voltada para a frente. É o conhecido pomo-de-adio, que é dotado de grande sensibilidade: um golpe traumático nessa estrutura provoca a constrição espasmódica dos músculos da laringe, com consequente sufocação, que pode ser mortal.
Mais abaixo, unindo a laringe à traqueia, encontra-se a cartilagem cricóide, de forma aproximadamente anular. Sobre os bordos desta, na face anterior, encontram-se as cartilagens aritenó idear, sobre as quais se inserem as cordas vocais. A armação cartilaginosa da laringe, de consistência comparável à de celuloide grosso, facilita a penetração do ar, que seria mais dificil num tubo mole como o esôfago.

Os músculos da laringe desempenham funções coordenadas de grande importância. Em casos anormais, como os de uma reação
alérgica grave, poderá resultar na região um acúmulo de água, que obstrui a passagem do ar e pode exigir abertura cirúrgica (traqueotomia) e intubação.

Em pacientes anestesiados, é relativamente comum que os músculos da faringe se contraiam num espasmo perigoso, que pode ser facilmente prevenido e contornado pela intubação. Dessa maneira, o ar pode fluir diretamente para dentro da traquéia, sem passar
pela laringe. Espasmo bastante comum dos músculos da laringe é o provocado pelos soluços. Na verdade, esse espasmo se origina no diafragma, e vários outros músculos e nervos participam do fenômeno.



Mas é a contração dos músculos da laringe que, no soluço, interrompe abruptamente a passagem de ar. O papel dos músculos da laringe vai mais longe ainda. Na deglutição, por exemplo, esses músculos são mais importantes do que a própria epiglote. Esta apenas complementa a ação dos músculos. Tanto assim que quando a epiglote é removida, por uma causa qualquer, o desvio continua a funcionar com razoável eficiência, graças à coordenação perfeita da musculatura da laringe.